terça-feira, 14 de agosto de 2012

Retrato do movimento populacional brasileiro


Os movimentos migratórios são uma marca do ser humano desde a pré –história. Entre seus fatores podemos citar os econômicos, naturais, políticos e religiosos. Dentre esses movimentos, gostaria de destacar o êxodo rural (saída do campo para a cidade). Para estudar esse fenômeno analisaremos alguns dados:
ü  1940 – 75% da população vivia no campo
ü  1970 – 44% da população vivia no campo
ü  2001 – 17% da população vivia no campo
Não resta dúvida de que a industrialização foi a grande mola propulsora do processo de urbanização do Brasil. Contudo, podemos vincular esse processo à:
ü estrutura fundiária antidemocrática;
ü modernização do campo;
ü estagnação econômica secular da região Nordeste
ü difusão da vida urbana pelas imagens de TV (esperança do retirante de encontrar melhores condições médico sanitárias no meio urbano);
ü ter ocorrido em um momento  de explosão demográfica (taxas de Fecundidade elevadas (1960 – 6,3 filhos por mulher) e o início da queda da taxa de mortalidade.
Desta forma, podemos refletir se é o campo que repele/expulsa o agricultor ou é a cidade que o atrai?
Percebe-se que o Brasil foi se transformando em um país urbano entre 1940 e 1970. Essa rápida urbanização traz, para o nosso país, algumas consequências como o surgimento de periferias, tendo em vista, que as cidades não conseguiram comportar a demanda por empregos e o atendimento às necessidades básicas dos novos migrantes. Outro reflexo é o aumento do movimento migratório pendular diário, conhecido também como transumância.
Quase sempre associados à busca por melhores condições de vida, a mobilidade populacional interna do brasileiro está baseada em áreas de atração (fatores positivos) e de repulsão (fatores negativos). Neste contexto, cabe citar alguns fatores históricos de atração populacional:
ü  1930 – Industrialização do Sudeste;
ü  1940 – Marcha para o Centro-Oeste e Norte do Paraná (Expansão da fronteira agrícola);
ü  1950 – Retomada do processo de Industrialização do Sudeste e Construção de Brasília;
ü  1960 – Expansão em direção à Amazônia (baseada na ideologia de segurança nacional e Projetos agropecuários)
ü  1970/1980 – Construção das rodovias – Transamazônica e Cuiabá-Santarém – e de hidrelétricas.
ü  1990 – Desconcentração industrial (Incentivos fiscais, doações de terrenos e oferta de mão de obra barata).
O que vemos atualmente retrata a mitigação e a mudança dos movimentos migratórios tradicionais que esculpiram a face do adensamento populacional na região Sudeste. O fluxo populacional tem seguido um movimento de retorno, devido à desconcentração industrial. De 2000 a 2010, as cidades médias (de 100 mil a 500 mil habitantes) foram as que mais cresceram no país (+/- 3% ao ano). Por outro lado, as cidades pequenas (- 100 mil habitantes), ficaram ainda menores, devido, entre outros fatores, à renda per capita muita baixa e a economia estagnada. Isso explica, em parte, o crescimento das cidades médias, cuja economia em expansão produz empregos em todas as áreas.
Com relação à migração externa, cabe-nos lembrar que, a partir do fim do século XIX, o Brasil vivenciava uma realidade de escassez de mão de obra devido o fim da escravidão e, com isso, havia a possibilidade de realização do sonho de riqueza atraindo, assim, a população europeia principalmente italianos que viviam uma instabilidade econômica em seu país. Na segunda metade do século XX, a situação se inverteu. Os países europeus realizaram sua transição demográfica e a população diminuiu reduzindo também o movimento de saída da população europeia e aumentando o índice de imigrantes no velho continente e nos países desenvolvidos.
Contudo, nas últimas duas décadas a mobilidade populacional externa brasileira apresenta novas mudanças, pois as condições de vida nesses países já não são tão atraentes. De acordo com relatório de 2011 da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), menos brasileiros migraram para os países “ricos” como resultado da crise econômica global iniciada em 2008 nos Estados Unidos da América (EUA). Na verdade, está ocorrendo um movimento de retorno da população brasileira. Como exemplo, o Japão. Com o aumento do desemprego, o governo japonês adotou medidas para incentivar o retorno voluntário de imigrantes aos seus países com o pagamento de despesas de viagem e até uma indenização.

2 comentários: